Meu contato inicial com teatro foi em 1998, no grupo chamado Cacilda Becker da cidade de Rio Grande, onde residia. Comecei a freqüentar esse grupo por influência de minha irmã. Ela já estava no grupo há algum tempo e me convidou para assistir a um ensaio. Vi que pela minha timidez teria um enorme desafio para desenvolver esse tipo de trabalho.
Lembro-me do primeiro ensaio que assisti: minha irmã e todos do grupo estavam ensaiando. Fiquei observando. Percebi uma concentração de todos no trabalho. Uma espécie de concentração total, relacionada com o espaço físico (o palco e o corpo). Todos estavam totalmente entregues ao que estavam fazendo. Eu, muito tímida, não conseguia ficar à vontade com meu próprio corpo. Entretanto, fiquei encantada. O que era realmente aquele estado? Como eles conseguiam ficar tão entregues?
Desse modo, entrei no desafio de fazer teatro. Estavam ensaiando um musical: Feminino ao Plural, as Frenéticas, com a direção de Andre Loureiro. Tivemos muitas dificuldades. Eu, particularmente, de encarar horas de ensaio. Alguns ensaios eram terrivelmente fracos, outros maravilhosos. Mas aquele encantamento inicial dizia que eu devia ter persistência. Resultado: fiquei nesse grupo por cinco anos.
Quando tive experiências com outros grupos, percebi que era necessário uma adaptação. Cada um desses grupos que entrei possuía uma forma de trabalho diferente. Mas, havia um ponto em comum: todos enfatizavam o texto. Minha maior dificuldade era memorizar textos. Com um pouco de estudo dos textos meu problema de memorização era minimizado.
Quando conheci o diretor João Bosco B., para mim um dos artistas que mais me influenciou na minha formação de atriz. João trabalha com Performances Escatológicas. Fazíamos muitas intervenções pelas ruas. Tudo, para mim, era diferente, pois ficávamos muito expostos aos espectadores: suas histórias de vida, seus conhecimentos específicos, etc. Tinha dúvidas sobre como o público podia entender o que estávamos tentando comunicar. Nosso principal tema eram as taras humanas e o caos que, de certo modo, governa uma sociedade. A relação com o público era muito intrigante. Apresentamos, com esse diretor, os Assassinos. Esse trabalho foi apresentado em palco italiano. Diferente das performances, mas usamos todos os espaços: desde o palco à platéia. Os Assassinos tinha um figurino bem ousado. Também tinha um texto forte. Colocamos no texto o cinismo da humanidade em foco.
Agora, no curso de Teatro, começo a compreender que o estabelecimento de uma disciplina de trabalho é fundamental para a formação do ator. É preciso treinar o corpo, a voz, e constantemente construie e desconstruir nossos trajetos, para com isso explorarmos ao máximo nossas potencialidades.
Com o estabelecimento de uma disciplina estou criando uma técnica. Antes era puro instinto. Agora, com todos esse estudos estou ampliando minhas possibilidades de criação autoral. Antes era tudo muito solto, vago.
Vivenciando o teatro mais intensamente. Percebo que ao acentuar meus estudos tanto teóricos, quanto corporais, estou adquirindo uma técnica. As ações físicas conformam o foco principal no desenvolvimento do meu trabalho: “ a ação que é explorada em mim que reflete nos outros.
Tatiana Duarte é performer e pesquisadora, mestranda em artes visuais (PPGAV-UFPEL) na linha de pesquisa Processos de Criação e Poéticas do Cotidiano e graduada em Teatro (UFPEL). É integrante da cia de teatro Olhar do Outro como atriz, diretora e produtora. Atualmente é participante do Grupo DESLOCC, sob Orientação de Eduarda Gonçalves, desenvolve performances acerca do tema pertinentes à memória e seus desdobramentos.
Tatiana Duarte é performer e pesquisadora, mestranda em artes visuais (PPGAV-UFPEL) na linha de pesquisa Processos de Criação e Poéticas do Cotidiano e graduada em Teatro (UFPEL). É integrante da cia de teatro Olhar do Outro como atriz, diretora e produtora. Atualmente é participante do Grupo DESLOCC, sob Orientação de Eduarda Gonçalves, desenvolve performances acerca do tema pertinentes à memória e seus desdobramentos.